Estruturalismo e Prática pedagógica
um estudo a partir dos referentes de Vygotsky, Piaget e Paulo Freire
DOI:
https://doi.org/10.31416/rsdv.v12i3.647Resumo
O objetivo deste estudo é compreender em que medida os principais referentes teóricos da educação, desenvolvidos nos estudos de Piaget, Vygotsky e Freire, dialogam com o paradigma filosófico do estruturalismo, e o que resulta dessa relação para a compreensão sobre a prática pedagógica. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa teórica, de cunho bibliográfico, cujas fontes são as obras A formação social da mente (VYGOTSKY, 1991); A Psicologia da criança (PIAGET, 2006); e, Pedagogia da autonomia (FREIRE, 2003), em diálogo com outras que elucidam os fundamentos teóricos dos autores mencionados. Recorre-se à análise interpretativa para compor o pensamento reflexivo sobre seu conteúdo, considerando a relação histórica do campo conceitual das obras citadas. O principal resultado mostrou que a relação dos autores com o estruturalismo segue três movimentos: em Piaget, encontra-se um redimensionamento das estruturas, pois compreende a inteligência como uma estrutura em evolução, formada por níveis que se justapõem entre si até alcançar a maturidade cognitiva. Já em Vygotsky, percebe-se um afastamento progressivo, por incorporar o elemento histórico-cultural no desenvolvimento cognitivo, isto é, a diacronia. E, finalmente, em Freire, tem-se a superação radical do estruturalismo ao centrar o processo pedagógico no ato comunicativo caracterizado por ação-reflexão, o que caracteriza o desenvolvimento da consciência de mundo. Nesse sentido, a prática pedagógica poderá ser compreendida não apenas como espaço de construção de saberes, mas como espaço marcado pelas interações sociais, e, finalmente como espaço de emancipação e transformação das estruturas histórico-sociais injustas.
Palavras-chaves: inteligência, funções cognitivas superiores, diacronia, emancipação, autonomia.
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